01. Com base na leitura de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, é incorreto afirmar que a obra
02. (AFA-SP–2016) O título do livro Quarto de Despejo pode sugerir algumas inferências. Assinale aquela que não pode ser comprovada pelo relato.
03. (AFA-SP–2016) Diário é um gênero textual no qual são registrados acontecimentos cotidianos com base em uma perspectiva pessoal. A partir dessa definição, é correto afirmar que, no texto,
04. (AFA-SP–2016) Por meio do discurso de Carolina Maria de Jesus, percebemos marcas de preconceitos existentes na época em que ela escreveu seu texto. Assinale a opção que ilustra explicitamente essa marca.
05. (Unimontes-MG–2014) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, todas as afirmativas a seguir estão corretas, exceto
06. O fragmento a seguir foi extraído do livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Leia-o com atenção.
1 de julho ... Eu percebo que se este Diário for publicado vai maguar muita gente. Tem pessoa que quando me vê passar saem da janela ou fecham as portas. Estes gestos não me ofendem. Eu até gosto porque não preciso parar para conversar. (...) Quando passei perto da fabrica vi varios tomates. Ia pegar quando vi o gerente. Não aproximei porque ele não gosta que pega. Quando descarregam os caminhões os tomates caem no solo e quando os caminhões saem esmaga-os. Mas a humanidade é assim. Prefere vê estragar do que deixar seus semelhantes aproveitar. (JESUS, 2014, p. 78)
Sobre o excerto anterior e sobre o livro Quarto de despejo, a única afirmativa incorreta é:
07. Leia o excerto extraído de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus:
Chegaram novas pessoas para a favela. Estão esfarrapadas, andar curvado e os olhos fitos no solo como se pensasse na sua desdita por residir num lugar sem atração. [...]
Uma interpretação possível para o trecho anterior é:
08. Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, tem como elementos recorrentes, exceto
09. (IFSULDEMINAS) Leia o fragmento a seguir para responder à questão.
Ao fazer uma reflexão sobre o momento presente, a autora volta-se para o passado histórico, marcado pela escravidão e, de uma forma crítica, confere à abolição uma nova roupagem: os negros que antes se encontravam presos às amarras do sistema escravocrata, hoje se encontram presos aos grilhões da miséria e do descaso social.
Assinale a alternativa que apresenta um trecho que ilustre o comentário anterior.
10. (UEMA–2015) Na obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, Carolina Maria de Jesus retrata, em uma dimensão sociológica e literária, suas impressões sobre o cotidiano dos moradores de uma favela. Para responder à questão, leia a seguir dois excertos transcritos da referida obra.
Texto I
20 de maio
... Quando cheguei do palacio que é a cidade os meus filhos vieram dizer-me que havia encontrado macarrão no lixo. E a comida era pouca, eu fiz um pouco do macarrão com feijão. E o meu filho João José disse-me:
– Pois é. A senhora disse-me que não ia mais comer as coisas do lixo.
Foi a primeira vez que vi a minha palavra falhar. [...]
Texto II
30 de maio
Chegaram novas pessoas para a favela. Estão esfarrapadas, andar curvado e os olhos fitos no solo como se pensasse na sua desdita por residir num lugar sem atração. Um lugar que não se pode plantar uma flor para aspirar o seu perfume, para ouvir o zumbido das abelhas ou o colibri acariciando-a com seu frágil biquinho. O único perfume que exala na favela é a lama podre, os excrementos e a pinga.
A noção de contexto e de repertório social sugerida pela narradora-personagem revela o(a)
11. Leia atentamente o seguinte trecho de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus:
11 de maio Dia das Mães. O céu está azul e branco. Parece que até a Natureza quer homenagear as mães que atualmente se sentem infeliz por não poder realisar os desejos dos seus filhos.
... O sol vai galgando. Hoje não vai chover. Hoje é o nosso dia.
... A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar pão amanhã, porque eu só tenho 4 cruzeiros.
... Ontem eu ganhei metade de uma cabeça de porco no Frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos. E hoje puis os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos estão sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles não são exigentes no paladar.
... Surgiu a noite. As estrelas estão ocultas. O barraco está cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. É assim que os favelados matam mosquitos.
Com base na leitura do excerto, comente a relevância do livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, como uma narrativa que reforça a tendência neorrealista no panorama da literatura brasileira contemporânea.
12. Leia, a seguir, a análise sobre Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, e um excerto extraído da obra:
Texto I
Sua potência discursiva não consiste somente em reproduzir indiretamente suas próprias falas ou as de seus personagens, mas dá vazão a um real imaginado pela própria narradora que evoca através de sua escrita os seus sonhos (e os dos outros), os seus desejos (e os dos outros). Dessa forma sua escrita assume a excelência da qualidade mimética em relação ao mundo, recria-o de forma táctil, sensorial e experiencial, recriação que não quer apenas representá-lo, pois o expressa borrando as fronteiras entre o que seria o plano da subjetividade de seu sofrimento e o da inteligibilidade de sua condição social.
GONÇALVES, Marco Antonio.
Um mundo feito de papel: sofrimento e estetização da vida (os diários de Carolina Maria de Jesus).
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832014000200002>.
Acesso em: 10 jun. 2018. [Fragmento]
Texto II
6 de janeiro [...] Saí e fui no emporio. Comprei arroz, café e sabão. Depois fui no Açougue Bom Jardim comprar carne. Cheguei no açougue, a caixa olhou-me com olhar descontente.
– Tem banha?
– Não tem.
– Tem carne?
– Não tem.
Entrou um japonês e perguntou:
– Tem banha?
Ela esperou eu sair para dizer-lhe:
– Tem.
Voltei para a favela furiosa. Então o dinheiro do favelado não tem valor? Pensei: hoje eu vou escrever e vou chingar a caixa desgraçada do Açougue Bom Jardim.
Ordinaria!
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 9. ed.
São Paulo: Ática, 2014. p. 151. [Fragmento]
Redija um texto de 8 a 10 linhas para demonstrar como as ideias do texto I se aplicam à interpretação do texto II.
13. Leia os seguintes trechos de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus:
Texto I
14 de setembro ... Hoje é o dia da páscoa de Moysés. O Deus dos judeus. Que libertou os judeus até hoje. O preto é perseguido porque a sua pele é da cor da noite. E o judeu porque é inteligente. Moysés quando via os judeus descalços e rotos orava pedindo a Deus para dar-lhe conforto e riquesas. É por isso que os judeus quase todos são ricos.
Já nós os pretos não tivemos um profeta para orar por nós.
Texto II
16 de junho [...] ... Eu escrevia peças e apresentava aos diretores de circos. Eles respondia-me:
– É pena você ser preta.
Esquecendo eles que eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rustico. Eu até acho o cabelo de negro mais iducado do que o cabelo de branco. Porque o cabelo de preto onde põe, fica. É obediente. E o cabelo de branco, é só dar um movimento na cabeça ele já sai do lugar. É indisciplinado. Se é que existe reincarnações, eu quero voltar sempre preta.
[...]
O branco é que diz que é superior. Mas que superioridade apresenta o branco? Se o negro bebe pinga, o branco bebe. A enfermidade que atinge o preto, atinge o branco. Se o branco sente fome, o negro também. A natureza não seleciona ninguém.
Redija um texto de 8 a 10 linhas para apresentar a abordagem da autora sobre o racismo.
14. Leia o trecho final da obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus:
... Eu fui fazer compras, porque amanhã é dia de ano. Comprei arroz, sabão, querosene e açucar.
O João e a Vera deitaram-se. Eu fiquei escrevendo. O sono surgiu, eu adormeci. Despertei com o apito da Gazeta anunciando o Ano Novo. Pensei nas corridas e no Manoel de Faria. Pedia a Deus para ele ganhar a corrida. Pedi para abençoar o Brasil.
Espero que 1960 seja melhor do que 1959. Sofremos tanto no 1959, que dá para a gente dizer:
Vai, vai mesmo!
Eu não quero você mais.
Nunca mais!
1 de janeiro de 1960 ... Levantei as 5 horas e fui carregar agua.
O texto autobiográfico de Carolina Maria de Jesus, escritora negra moradora da favela Canindé, em São Paulo, foi produzido entre as décadas de 1950 e 1960. Levando em consideração o contexto de produção da obra, analise como o final dos diários de Carolina de Jesus sintetiza a própria condição social da autora.
15. Leia os seguintes fragmentos da obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus:
Texto I
... As vezes mudam algumas famílias para a favela, com crianças. No inicio são iducadas, amaveis. Dias depois usam o calão, são soezes e repugnantes. São diamantes que transformam em chumbo. Transformam-se em objetos que estavam na sala de visita e foram para o quarto de despejo.
Texto II
Abri a janela e vi as mulheres que passam rapidas com seus agasalhos descorados e gastos pelo tempo. Daqui a uns tempos estes palitol que elas ganharam de outras e que de há muito devia estar num museu, vão ser substituidos por outros. É os politicos que há de nos dar. Devo incluir-me, porque eu também sou favelada. Sou rebotalho. Estou no quarto de despejo, e o que está no quarto de despejo ou queima-se ou joga-se no lixo.
Redija um texto para explicar, pela concepção da própria autora, o significado metafórico do título da obra.